Empregado de Mesa (E.M.): Então, que tal estava o bife?
Cliente difícil (C.D.): Estava assim-assim... Que é como quem diz mau.
E.M.: Então, mas porquê? O bife não estava bom?
C.D.: O bife sabia à palha.
E.M.: À palha? Mas isso quer dizer o quê? O senhor já comeu palha?
C.D.: Não, mas sei que não sabe a nada. Assim como o bife.
E.M.: Então e os rissóis?
C.D.: Os rissóis sabiam a bedum.
E.M.: Bedum? Não se importa de me esclarecer?...
C.D.: Bedum, homem! Bedum é aquela gordura do animal que sabe mal. E o rissol transbordava bedum.
E.M.: Mas a chouriça gostou, não? É uma especialidade da casa!
C.D.: Pá, não quero ser esquisito, mas a chouriça, além de bedum, sabia a petróleo.
E.M.: Como, a petróleo?!
C.D.: Eu explico. Agora já não fazem os fumeiros como antigamente. Pegam fogo a petróleo, num balde, e metem os enchidos em cima. É o método industrial, para despachar. E esta chouriça era industrial, não era da casa caro amigo...
E.M.: Ouça, não vou discutir consigo, obviamente é um homem com gostos... Particulares. Quer provar o peixe?
C.D.: Uiii, nem pensar. Mais petróleo não.
E.M.: Não me diga que também acha que marinamos os peixes em petróleo.
C.D.: É claro que não, isso seria ridículo. Eles sabem a petróleo porque os barcos de pesca, para não terem problemas de Z.E.E. marítima, vão pescar em sítios onde houveram descargas petrolíferas e os peixes veêm todos a saber a isso.
E.M.: Certo... Imagino que o vinho também não estava do seu agrado?...
C.D.: Uma zurrapa feita a martelo, deveras.
E.M.: Bom, não posso dizer mais nada a não ser lamento muito por si. E pelo almoço também.
C.D.: Que quer dizer com isso?
E.M.: Nada, nada... Café ou sobremesa?
C.D.: Café, se não souber a mijo de rato. É que os gajos lá dos armazéns,têm aquilo mal fechado, e depois os ratos vão dar as mijas para cima das embalagens de café e depois é o que se sabe. E pode ser também uma fatia de pudim, se for francês. Não quero pudim de laranja, que às vezes é o que vocês têm e dizem que é francês.
E.M.: Vou fazer os possíveis. Mas posso-lhe perguntar uma coisa? Se não gosta de nada aqui, porque não vai a outro lado da próxima?
C.D.: Porque na Pizzaria não posso entrar. O dono levou a mal quando lhe perguntei quais eram, da lista, os ingredientes que faziam mal aos clientes. E no outro aqui lado nem pensar. Aqui o bife sabe à palha, mas lá sabe a estábulo.
Cliente difícil (C.D.): Estava assim-assim... Que é como quem diz mau.
E.M.: Então, mas porquê? O bife não estava bom?
C.D.: O bife sabia à palha.
E.M.: À palha? Mas isso quer dizer o quê? O senhor já comeu palha?
C.D.: Não, mas sei que não sabe a nada. Assim como o bife.
E.M.: Então e os rissóis?
C.D.: Os rissóis sabiam a bedum.
E.M.: Bedum? Não se importa de me esclarecer?...
C.D.: Bedum, homem! Bedum é aquela gordura do animal que sabe mal. E o rissol transbordava bedum.
E.M.: Mas a chouriça gostou, não? É uma especialidade da casa!
C.D.: Pá, não quero ser esquisito, mas a chouriça, além de bedum, sabia a petróleo.
E.M.: Como, a petróleo?!
C.D.: Eu explico. Agora já não fazem os fumeiros como antigamente. Pegam fogo a petróleo, num balde, e metem os enchidos em cima. É o método industrial, para despachar. E esta chouriça era industrial, não era da casa caro amigo...
E.M.: Ouça, não vou discutir consigo, obviamente é um homem com gostos... Particulares. Quer provar o peixe?
C.D.: Uiii, nem pensar. Mais petróleo não.
E.M.: Não me diga que também acha que marinamos os peixes em petróleo.
C.D.: É claro que não, isso seria ridículo. Eles sabem a petróleo porque os barcos de pesca, para não terem problemas de Z.E.E. marítima, vão pescar em sítios onde houveram descargas petrolíferas e os peixes veêm todos a saber a isso.
E.M.: Certo... Imagino que o vinho também não estava do seu agrado?...
C.D.: Uma zurrapa feita a martelo, deveras.
E.M.: Bom, não posso dizer mais nada a não ser lamento muito por si. E pelo almoço também.
C.D.: Que quer dizer com isso?
E.M.: Nada, nada... Café ou sobremesa?
C.D.: Café, se não souber a mijo de rato. É que os gajos lá dos armazéns,têm aquilo mal fechado, e depois os ratos vão dar as mijas para cima das embalagens de café e depois é o que se sabe. E pode ser também uma fatia de pudim, se for francês. Não quero pudim de laranja, que às vezes é o que vocês têm e dizem que é francês.
E.M.: Vou fazer os possíveis. Mas posso-lhe perguntar uma coisa? Se não gosta de nada aqui, porque não vai a outro lado da próxima?
C.D.: Porque na Pizzaria não posso entrar. O dono levou a mal quando lhe perguntei quais eram, da lista, os ingredientes que faziam mal aos clientes. E no outro aqui lado nem pensar. Aqui o bife sabe à palha, mas lá sabe a estábulo.