domingo, 24 de janeiro de 2010

Conto de fa(o)das

Acho grotescamente cretinos os ideais românticos que os desenhos da Disney nos tentam impingir. São uma montanha de tretas morais ridículas que se proferem e que em nada se coaduna com a vida real de qualquer ser-humano.

Para começar, em qualquer conto existe sempre um Príncipe. Não me venham com histórias, ele é um pervertido. Este príncipe anda de conto em conto a tentar ter relações sexuais com o maior número de princesas possível. E é um tarado da pior espécie, porque se presta a todo o tipo de façanhas só para poder dar uso ao seu pénis de desenho-animado. Este tipo específico de taradice tem um nome, que é "homem".

Já as princesas, purinhas, virgens, alvas e sem mácula, estão sempre numa encrenca qualquer, coitadinhas. Quem é a besta que aceita comer maçãs oferecidas por uma velha que tem uma verruga com um nariz por baixo? Estão mal porque se puseram nessa situação!

Claro, os miúdos vêem aquela bonecada e pensam "Uau, ele tem uma espada e mata dragões" e as miúdas pensam "Uau, ele é um valentão que está disposto a todo o tipo de atribulações só para poder jurar amor eterno à sua amada que ou acabou de conhecer ou nunca viu antes. Um dia eu vou arranjar assim um príncipe para mim e vamos ser tão tão tão felizes juntos!".

Lamento estragar aqui o mito, mas o príncipe só quer é sexo.
Reparem na Bela Adormecida. Está lá na torre, guardada pela bruxa ou o lá o que for. Ele nunca a tinha visto antes, com certeza não foi lá só porque sim ou só porque a queria salvar. Não. Nenhum homem vai sequer a um encontro arranjado por um amigo sem antes perguntar "Ela é boa? Mas tens a certeza?".
E então aqui havia de ser diferente? Ele lá se ia atirar assim cegamente para os braços daquilo que poderia muito bem ser um cavalo com uma peruca loira? Claro que não!
Lá o intermediário dos contos de fadas, chegou à beira do Príncipe e desenrolou-se algo deste género:

- Então Sr. Príncipe, está melhor do herpes?
- Muito. Que tens hoje para mim?
- Acabei de saber que uma beleza exótica está cativa numa torre não muito longe daqui. Está sobre um feitiço que a pôs a dormir, portanto nem tens que preocupar com o cortejo, é so mesmo chegar e afinfar.
- Mas ela é boa?
- Claro, só arranjo informações de qualidade!
- Tens a certeza? A Branca de Neve também era uma beldade e era muito liberal... E afinal tinha bigode e pêlos no sovaco.
- Isso foi uma vez!
- A Cinderela, disseste tu "Boa todos os dias, e gosta de fazer tudo no leito". Afinal vai-se a ver e estava cheia de manchas de lixívia nos braços e nas pernas de estar sempre a esfregar o chão.
- Bom bom, pague só metade então, no caso de afinal ela ser um abrolho.

E o príncipe lá vai, mata a bruxa e encontra a princesa a dormir. Não é amor que o move, é a libido. E é essa mesma libido hiperactiva que o leva a beijar a princesa boazona que se encontra convenientemente inerte. Esta acorda e o príncipe imediatamente pensa "foda-se!".

Grandessíssimos paspalhões. Estragam a vida aos homens pelas ideias que metem nas cabeças das mulheres. De que um homem a sério usa capa, espada e mata todo o tipo de aberrações só para professar amor eterno.
Claro que sim. Ele quer professar amor eterno até ao momento em que as cuecas da Bela já estão no chão. A partir daí ele só quer montar no seu unicórnio de novo e arranjar outra princesa para amar com força.

Estes contos de fodas, perdão, fadas, só serviam para criar aquela ilusão do bonito que é o amor. Melhor faziam se nos mostrassem a realidade. Que a Rapunzel tinha problemas de higiene porque não conseguia encontrar bacia suficientemente ampla lavar para tanto cabelo e que o Príncipe só queria aquilo que qualquer homem pensa a cada 8 segundos.
O tipo chegou ao ponto de se disfarçar de batráquio e dizer à Princesa "Dá-me cá um beijinho que eu sou um Príncipe amaldiçoado". Não via esquema mais idiota desde o abrir um buraco no fundo do balde das pipocas, enfiar lá o pénis e depois oferecer à miúda do lado.

Em vez disso andam a formar rapazes que adiam a intimidade até "encontrarem a sua princesa" e raparigas que se queixam "Quando foi a última vez que mataste um ciclope por mim?!".

É por estas e por outras que eu só via o "Rambo III".