quinta-feira, 21 de maio de 2009

Curso de arrumador de carros

Há-os a rodos. Porque não se torna uma profissão, como os valets nos hotéis? Pagavam impostos como toda a gente, e deixavam de cheirar a couve. E na maior parte das vezes de se vestir com uma também. Criava-se uma licenciatura para o efeito! Claro que era impossível perderem todos os hábitos, mas ao menos era com outro porte. Portanto, proponho o seguinte programa curricular:

1º ano

- História da arrumação: desde a invenção da roda até ao aparecimento do primeiro australopitecus arrumadoris;
- Abanar o braço: teoria e práxis;
- Gramática avançada: conjugação do verbo "destrocer";
- Conceitos sobre estilo: cara barbeada é cara gorjetada;

2º ano

- Higiene aplicada: a água e as suas múltiplas aplicações;
- Regras básicas de saneamento: os boeiros não são sanitas;
- Trabalhos manuais: o "riscador" perfeito;
- Mecânica: que fios cortar;
- Teorias da percepção: distinção entre "cabrões que merecem um risco" e "pessoas";

3º ano

- Regras básicas de civismo: nem todas as pessoas são teus "sócios" ou "amigos";
- Regras avançadas de civismo: ninguém que ajudas a estacionar é obrigado a dar-te dinheiro, pois não é teu pai. Ele já morreu;
- Educação física: ser o primeiro a chegar ao lugar que abriu;
- Educação física II: correr com eficácia atrás de um carro que estacionou sem ajuda, para mesmo assim pedir a gorjeta;
- Educação moral extrema: partilhar o que recebi com o meu parceiro arrumador, em vez de partilhar a minha faca com os intestinos dele;

4º ano

Estágio Pedagógico: 6 meses no parque do Hospital de S. João sem incidentes.

Que me dizem?
E dávamos-lhes um canudo. Sem usar tinta tóxica, pois claro que o vão usar para enrolar estupefacientes e fumá-los. Eu, pelo menos, ia preferir sempre o que o auxílio ao meu estacionamento fosse dado por um profissional licenciado.

domingo, 17 de maio de 2009

Impróprio

Sou daquele género de pessoas que, não gostando de ver um amigo triste, tenho tendência a tentar anima-lo(a) com piadas. Umas com graça, outras sem (depende se a Graça está lá ou não). No entanto tenho, por regra, uma falta de sentido de oportunidade atroz e um timming grotesco. Por este motivo, assiduamente acabo a pensar "porque c*&#$%o é que havias de dizer aquilo?!". Eu e os que me rodeiam. E o pior é que depois não consigo parar, querendo sempre emendar a falta de oportunidade da prévia piada com outra que, no momento, me parece adequada.
Claro que este problema atinge o seu auge nos funerais. São autênticos orgasmos de estupidez, que se alcançam no preciso momento em que finalmente a minha consciência me grita "CALA-TE SEU PAQUIDERME ESTÚPIDO! CHEGA!".

Imaginemos que faleceu, digamos, um primo (para não ser muito próximo) de um amigo meu:

Ninja: Lamento muito, os meus pêsames Amigo. Eram muito chegados?
Amigo: Mais ou menos, não éramos muito, mas até nos falávamos com frequência.
Ninja:Bom, então ainda bem.
Amigo: Hmm?
Ninja: Podia ser pior! A tua mãe por exemplo.
Amigo: *Perplexidade*
Ninja: *Riso nervoso para indicar que era uma piada*

- Silêncio -

Ninja: Está tudo muito calado...
Amigo: O que esperavas, é um velório!
Ninja: Principalmente o teu primo.
Amigo: *Perplexidade*
Ninja: Mas está com boa cara, calma! Para um morto claro...

- Silêncio -

Ninja: Queres uma pastilha-elástica?
Amigo: Não obrigado.
Ninja: Oferecia ao teu primo, mas ele já não pode...
Amigo: *Perplexidade*
Ninja: Percebeste?... Porque está mo...
Amigo: Eu percebi!

- Silêncio -

Ninja: Ei, olha só o decote daquela gaja!
Amigo: É a irmã dele.
Ninja: Ah, desculpa... Mas aquilo é de acordar um morto.
Amigo: *Perplexidade*
Ninja: *Afunda a cara nas mãos*

- Silêncio -

Ninja: Vou até lá fora um bocado.
Amigo: Prometes?
Ninja: Sim... Agora mesmo. Aqui está um ambiente de cortar à faca.
Amigo: *Perplexidade*
Ninja: Percebeste?... Porque ele morreu esquartejado naquele acidente com os cutel...
Amigo: Vai embora!
Ninja: Já não tenho vontade.
Amigo: *Afunda a cara nas mãos*

Inspirando fundo, e depois de me concentrar, tento dizer algo reconfortante:

Ninja: Ao menos agora está num lugar melhor.
Amigo: Obrigado por te controlares.
Ninja: Isto se no Céu aceitarem encomendas partidas.

Alguém atrás de mim alguém grita:

Familiar: Oh pá, morre de uma vez!
Ninja: Ei, não havia necessidade... Isso foi completamente desnecessário.