Outro dia, estava à conversa com o meu irmão, e puff. Não era Chocapic, foi mesmo ele que se descuidou. Logo após tapar devidamente as narinas, enquanto ele agitava os braços para "empurrar" o cheiro na minha direcção, conversámos sobre mulheres e mais não sei o quê, e foi quando surgiu esta ideazita. A qual aproveitaria para lhe agradecer, mas não o farei. Isto porque ele não lê blogues, argumentando e justificando o porquê disso com "eu faço sexo regularmente". Apesar de eu saber que volta e meia lá anda ele a ler o que escrevo e a dizer "Ai André, André! Tenho tanto para aprender contigo, maninho".
E então, a ideia é a seguinte, e lá mais adiante já vão compreender porque comecei com o puff.
Ao longo da História, o homem (e refiro-me ao sexo masculino, e não a toda a humanidade) regra geral, tem vindo progressivamente a tornar-se menos e menos violento na resolução de conflitos. E a culpa é das mulheres!
Na época do Homo-Sapiens, se o vizinho me tinha roubado o javali, dava-lhe uma traulitada na cabeça com um qualquer utensílio manufacturado e transformava-o em mobília. Então, a mulher queixou-se: "Nem penses que me vou sentar em cima do Krotingas! O tipo fede a mamute!". Então, o homem passou só a dar as traulitadas.
Saltamos no tempo, para a Idade Clássica, e posteriormente para a Idade Medieval. Andava-se à espadada por tudo e por nada. Nas cruzadas, andávamos às turras com os Mouros. Persistiam as traulitadas, mudou apenas a engenharia dos utensílios, portanto. Bons tempos. Então, a mulher falou: "Nem penses que te vens sentar à mesa cheio de sangue de turco na armadura! Já está na altura de cresceres, estamos nos tempos modernos.".
O homem cede. Enquanto passámos, efectivamente, pela Idade Moderna, aperfeiçoamos o uso das armas de fogo, para podermos matar à distância e não termos que ouvir os queixumes das mulheres. Chegamos ao cúmulo de já nem sequer podermos dar sopapos uns nos outros, temos que usar uma luva branca e esbofetear o adversário com ela... Então, ainda não contente, a mulher falou novamente: "É que fedes a suor! Fedes! Com esses duelos de armas todos, ficas todo nervoso e vens todo suado para casa! É a suor e a pólvora! Isto tem de acabar..."
E assim prossegue a História, até chegar aos nossos dias. Com tanto azucrinar, já não podemos fazer nada. Andar aos tabefes é uma estupidez. Brincar com pistolas de plástico é uma infantilidade. Só temos o nosso último reduto, as flatulências. Não é infantil, como as mulheres dizem, achar piada só à palavra peido. De facto, os gases são o último mediador de conflitos autorizados pela sociedade moderna. Estamos reduzidos a ver quem dá o traque mais barulhento ou a bufa mais fedorenta. O vencedor é aceite e o seu ponto de vista valorizado sem mais discussões. Aliás, ainda nos rimos por cima.
Daí que, a cultura da flatulência seja tão valorizada entre os machos. Temos uma boa percentagem de vocábulos para nos referirmos a eles, pois existem diferentes tipos. Vou expor os três principais:
- O Traque, é a forma de flatulência que vai buscar o seu nome ao som "Trrrrráááá!" que produz ao ser expelido. Apresentam um nível de odor mínimo, mas fazem uma barulheira descomunal;
- A Bufa, é de todos o mais letal. Também o nome deriva do ruído característico que produz a ser expelido, que se assemelha a um sopro. O nível de odor é máximo, e na maior parte das vezes, é completamente imperceptível para o ouvido humano. Ideal para ganhar argumentos ou conseguir aquele lugar no autocarro. São os meus preferidos, porque são autênticos Ninja-Flatos e porque são irónicos, pois apesar de quase sem barulho, arrumam com qualquer traque. Tipo o Yoda em Star-Wars;
- O Peido ou Farpa: É uma mistura de ambos os géneros anteriores, apresentando níveis intermédios de odor e de ruído. É consistente.
Posto isto, aturámos as mulheres a refilarem de tudo o que for preciso, mas o flato é sagrado. Vamos lutar, se for preciso, para mantermos o nosso direito ao peido! E se o tivéssemos feito há uns milhares de anos atrás, ainda andávamos com mocas de madeira ao cinto.
E então, já compreendem o puff? É que só havia um único Kinder-Bueno quando comecei a conversa com o meu irmão. Ele ganhou-o, e até à data, continua imbatível. Mas eu vingo-me! Há uma semana que só como feijões e ervilhas.